O designer, a escrotidão e o MacGyver.

4.

No post anterior disse que ‘o designer é, acima de tudo, um escroto’ e assumi meu lado polêmico ao dizer que a frase tinha intenção de causar impacto e chamar atenção para um ponto importante que repito aqui: o julgamento constante do indivíduo que pensa visualmente. Também falei do julgamento visual, da classificação e dos rótulos. E encerrei afirmando que a forma mais fácil de fazer um designer se tornar um escroto de verdade é criá-lo em cativeiro.

O designer de cativeiro pode ser um escroto (ao pé da letra) quando esnoba as manifestações menos refinadas ou até diferente das dele. Ele poderia ser um cara que vê uma peça que normalmente não faria e diz ‘humm.. interessante’, absorve e segue em frente. Mas parece que não consegue.

Origami.
Recursos? Papel, papel e… papel.

Porque isso é complicado? Porque tá cheio de  designer por aí que pensa que só se faz design com photoshop na frente. Mas sinto dizer: você faz design o tempo todo, amigo. E na vida, você já deve saber que nem sempre se tem todas as ferramentas. As vezes você tem after affects, flashs, photoshops e os caralhoaquático (ok, piada interna. rs) pra fazer uma apresentação. As vezes você tem o powerpoint e o movie maker. As vezes tem papel e cola. Em outras, nem cola tem. E aí, vai deixar de ser bom porque não tem recursos? Quem manda é o conteúdo ou a forma? Já pensou na matéria prima de um origami? Pois é.

Pensando nisso é importante destacar que o cara que pensa visualmente tem q criticar sim mas é importante contextualizar. Por exemplo: Os efeitos de ‘Star Wars – Uma Nova Esperança’ são do fim da década de 70;  ‘Eu Sou a Lenda’ NÃO é um filme de zumbis; ‘Clube da Luta’ não é um filme de MMA e por aí vai… se não o sujeito passa a ser o designer chato pra cacete e, acima de tudo, um escroto porque nada presta.

Entendo que esse senso crítico apurado é parte do uniforme do designer mas não pode ser O designer em si, entendeu? Você já viu MacGyver reclamar das condições de trabalho? Não, o cara se vira e faz o melhor que puder com as ferramentas (tempo inclusive) que tem disponíveis. Mas será q só os designer estão o tempo todo julgando o visual alheio? Médico também faz fofoca, advogado também reclama do colega e etc.. Acredito que o que causa mais impacto são três motivos:

. Subjetividade. Eu sou designer. Se fosse engenheiro a ponte cairia, o circuito explodiria ou qualquer outra desgraça visível e/ou mensurável. Manifestações visuais são subjetivas e passam, invariavelmente, por gosto pessoal;

.‘Imagem não é nada. Sede é tudo.’ Esse não é um mal só de designer… é de qualquer ‘pensador visual’. É humano mas quando se trata de artes visuais é mais fácil porque tudo é visual hoje em dia. Pois é, imagem é tudo. Há tempos. Então esses seres se julgam os Flamel’s do 3º milênio porque são capazes de chamar qualquer pilha de cocô de dinossauro em arte. Na minha opinião se a sua arte precisa de legendas, texto explicativo e etc. ela tem algum problema… ou então não é para o homem comum. Ao contrário do que diz uma recente corrente de imagens compartilhadas no Facebook: em comunicação, quando você fala É SIM responsável pelo que o outro entende.

. E o tiro de misericórdia do designer é q ele vive em bando. Os caras vivem em agências, escritórios e afins… dialogando com outros designer/publicitários e etc., participando de eventos com a mesma galera, confinados… e aí deixam de ver o mundo. A necessidade do dia a dia vira uma coisa menor. O pensamento prático do cliente leigo passa a ser uma coisa boba. E aí fica todo mundo com um jeitão blasé e rejeitando qualquer manifestação artística com mais de 50 adeptos pq já é muito mainstream pra poder ser bom. Sugestão? Libertem os designers do cativeiro!

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