Contradições ambulantes ou O refinamento do disfemismo

5.

Por incrível que pareça entender que o mundo precisa de interpretações visuais que não a sua não é um raciocínio natural para o designer. E não adianta só fazer discurso de defensor das diferenças. Falo das atitudes quando não tem câmera ligada porque é aí que o povo mostra a vida como ela é .

NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOO!!E digo isso com certa tranquilidade porque essa ficha caiu há pouco tempo pra mim. Um dia que estava em Teresópolis, vi as fachadas de lojas, drogarias, padarias e afins e pensei: “Imagina se tudo isso fosse desenhado segundo o meu conceito de design?” Ia ser uma bosta! A cidade seria um parque temático porque nenhum estilo suportaria ser onipresente. Nem sendo ultra criativo (traz a kryptonita por favor antes que alguém se candidate). O mais comum é o sujeito se fecha na sua cultura, nas suas referências (e na sua galera) e as vezes (ou em alguns casos permanentemente) não vê que tem que ter espaço pra outras manifestações… até pro cafona. Aliás, inclusive pro cafona.

Sabe gente que ama cinema iraniano e odeia hollywood? Pois é. O sujeito sai da faculdade disposto a catequizar o mundo com o ‘bom design’,  levar a luz e a salvação para os hereges que não conhecem o dom divino de manipular imagens (do seu jeito, é claro). Vale pensar 5 minutos…  é possível que hollywood só faça merda e os mulambinhos pseudo cabeças só façam obras de arte? Mas ainda tá cheio disso por aí. ‘Quem quer ser um milionário’ é um bom exemplo que abraçou a estética de bollywood. Só que com muito dinheiro.

 

Depois de tudo isso chega o momento de atear fogo a minha própria linha de raciocínio: Defender a liberdade de expressão é mole.  Duro é não ter vontade de dar um cascudo no Bolsonaro quando ele começa a falar besteira. E o direito dos imbecis, quem defende? Não dá pra ser o cara que discute a necessidade do fim do capitalismo e um boicote a postura imperialista dos EUA enchendo a cara de Heineken, ouvindo seu iPod. É preciso ser a mudança que quer ver. Mas falar é fácil né…

É importante que o designer seja escroto. Ou, como disse o Pereio recentemente: tem um refinado senso de escrotidão. É preciso sim ter esse senso crítico apurado pra gostar ou não gostar. Pra saber o porque gosta ou não gosta e pra saber o que/como pode ser melhor. Só não pode usar essa ferramenta poderosa pra rotular e se afastar de toda a ideia diferente. Porque ao criar uma nova espécie toda em cativeiro corre-se o risco de criar um exército de sujeitos rasos.

Agora, mudando de assunto…

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