Lá…Lá no epílogo.

Se você não viu ‘La La Land‘ (2016), fique tranquilo pois esse post não terá spoilers. Aliás, se não viu, espero que mude de ideia em breve. O filme, dirigido Damien Chazelle (o mesmo cara que de Wiplash (2014), tem um ar de musical antigo, aquele clima nostálgico e cadenciado. E colorido. E feliz. E quando você achar que já viu tudo, vai se ver com cara de bobo junto com Emma Watson e Ryan Gosling se perguntando como sua vida (na tela ou fora dela) foi parar ali. Veja sem (pré)conceitos, não se deixe enganar pelos musicais coloridos do início e eu te desafio a esquecer a música da abertura em menos de uma semana.

Eu nunca gostei de musicais. Principalmente aqueles em que as pessoas saem cantando e dançando do nada no meio de uma conversa normal. Esse ponto é o mais comum, eu diria até que é a base do musical clássico. Depois de um tempo eu consegui fazer algumas concessões para aqueles filmes onde a música está integrada ao tema. Exemplo, em Hairspray (2007) canta-se muito num programa de TV de… música! La La Land é totalmente clássico nesse sentido e joga na sua cara na primeira cena com centena de pessoas coloridas cantando e dançando num engarrafamento rumo a cidade dos sonhos. E funciona.

A música de abertura ‘Another day of sun’, da cena citada acima, é uma história de pessoas que largaram tudo e foram para Los Angeles tentar seu sonho profissional. O grupo de pessoas conta alguns com sacrifícios na vida pessoal e como as coisas não são gratuitas, o sucesso não cai do céu, o esforço não vai ser rápido e talvez você nem consiga atingir seus objetivos. “Could be brave or just insane / We’ll have to see” (Pode ser coragem ou loucura, veremos). Aliás, o refrão dá o tom da recorrente luta contra as dificuldades:

“Behind these hills I’m reaching for the heights
And chasing all the lights that shine
And when they let you down
You’ll get up off the ground
As morning rolls around
And it’s another day of sun”

O filme é bom em subverter o conjunto expectativa e entrega. La La Land é um filme sem vilões. As pessoas, mesmo as que parecem obstáculos a felicidade do casal, não são babacas e/ou malignas, elas só tem interesses diferentes dos nossos. E tudo bem. Talvez o grande “vilão” (com aspas mesmo) do filme seja a realidade que força sua entrada nesta mundo de sonhos. A vida e as decisões que você toma te levam a lugares inesperados no longo prazo. E tudo isso pode parecer ruim hoje, talvez seja construído de forma tão orgânica e natural que quando chegar lá você se sinta em paz com as suas decisões. No fim, Fica a certeza de que algumas pessoas ajudam a mudar sua vida para sempre. Mesmo que não fiquem nela pelo mesmo tempo.

“Is someone in the crowd the only thing you really see?
Watching while the world keeps spinning ‘round
Somewhere there’s a place
Where I find who I’m gonna be
A somewhere that’s just waiting to be found”

Talvez você estranhe tantas questionamentos num filme que deveria ser uma sucessão de clichês. Talvez estranhe as pessoas dançando loucamente como se não houvesse amanhã. Talvez você ache jazz chato. Talvez ache todo o hype ao redor um saco e já odeie antes de ter visto… mas dê uma chance ao filme. Acredito que, assim como eu, pode ser que você saia da sala de cinema querendo ver de novo, porque só no Epílogo você entendeu o que estava vendo de verdade: Uma história de amor e superação de pessoas buscando seu lugar ao sol entre lindos sonhos e duras realidades.

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